Diretor de Vendas: não “delargue” sua empresa na mão dos gerentes

Percebo um comportamento comum nos diretores de pequenas empresas, em especial aqueles que não possuem sócios, em “delargar” para seus gerentes decisões importantes demais para serem tratadas assim.

Delargar é muito diferente de delegar. Quem delega exige feedback e põe freios, limites e deixa claro o tipo de decisão que pode ser tomada sozinho pelos gerentes e aquilo que não pode ajustando, de tempos em tempos, o peso das decisões que poderão ser tomadas.

Já quem delarga age diferente: sente-se aliviado por ter quem assuma a bucha no lugar dele. Aliás, quanto mais decisões o gerente toma melhor: afinal de contas, ele diretor está sempre atolado de coisas para fazer e não quer ter que se meter com coisas que não gosta de fazer.

Considero esse comportamento perigoso. Em primeiro lugar porque, mesmo sem querer, esses gerentes podem transformar a empresa em algo que o diretor não quer. Aliás, não diria nem sem querer. Diria que, por falta de orientação sobre qual caminho seguir, fazem aquilo que consideram o certo mas que, talvez, não é aquilo que o diretor deseja. E, quando o diretor vai ver, é tarde: é possível que já não haja mais tempo de recolocar a empresa no rumo desejado.

Em segundo lugar porque quanto menor o contato do diretor com uma área, maior o tempo que levará para tomar pé da situação e reajusta-la caso esse gerente saia. E isso pode acontecer a qualquer momento, diga-se de passagem. Imagine por exemplo que um diretor delargue o comercial na mão de um gerente e fique meses (ou anos) sem visitar ou atender novos clientes ou os clientes da base.

Se esse gerente sai retomar o contato (e a confiança) com esses clientes pode ser um processo lento e traumático, que demandará tempo que o diretor não tem.

Mas o que fazer? Eu sou um desses diretores mas estou atolado de trabalho. Você não está sentado na minha cadeira vendo pelo que eu passo todos os dias. Tenho muita coisa para fazer.

Se esse é o seu caso posso te dar dois conselhos:

  1. Arrume um sócio: faça um valutation da sua empresa e ofereça parte dela para um sócio que possa dividir com você responsabilidades;
  2. Ofereça parte da sua empresa, mesmo que simbólica, para seus gerentes de confiança: obviamente deverão participar na saúde (lucros) ou na doença (prejuízos), mas é uma forma de você delargar atividades tendo mais controle do que está acontecendo.

Sem tomar uma decisão ou outra meu amigo você continuará refém de bons funcionários, mas que podem a qualquer momento deixar sua empresa e buscar outra oportunidade.

Pense nisso.

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